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segunda-feira, 12 de dezembro de 2011


A ARTE PRÉ-HISTÓRICA

     Na pré-história encontramos duas grandes divisões: o período paleolítico e o período neolítico. As primeiras manifestações artísticas no período paleolítico ou da pedra lascada consistem em pinturas e gravuras encontradas nas paredes das cavernas e em alguns objetos utilitários tais como: potes, vasos, pontas de lança e facas. O homem praticava um modo de vida nômade, onde não possuía residência fixa, não edificava nenhum tipo de casa, e se alimentava da caça e do que encontrava e recolhia na natureza. Contudo, já apresentava uma formação em grupos de indivíduos.
   Na arte, parte de uma representação visual abstrata até alcançar formas figurativas claras, onde se podem observar figuras de bisões, cervos, cavalos selvagens, mamutes dentre outros animais. A figura humana também aparece, mas em menor quantidade. O homem primitivo desenha cenas de caça e de danças acrobáticas e rituais. Nesse período não se encontram registros de representação de vegetais. Tais pinturas são denominadas ARTE RUPESTRE (o termo rupestre significa: gravado em rochedo; aquilo que cresce sobre os rochedos).
   Os historiadores divergem quanto à razão pela qual o homem teria feito esses desenhos nas cavernas e se dividem em duas grandes correntes: uma diz que o homem desenhava para registrar seus feitos, sua caçada e outros acontecimentos; outra afirma que o homem desenhava antes de ir a caça para, de modo mágico e espiritual ter sucesso diante do animal. A segunda opção é afirmada como a mais correta diante de estudos que nos apresentam:

1   -      O homem era nômade e não se fixava nas cavernas e grutas onde encontramos as pinturas. Portanto estas não poderiam ser decorativas. A opção pela caverna se deve a fato de que ali o homem dispunha de tranqüilidade para realizar o ritual sem precisar se preocupar com ameaças de animais e do clima já que a cerimônia exigia um tempo maior de execução. A opção pela caverna, em geral um local úmido e escuro, ajudou na preservação dessas imagens as protegendo da ação do tempo.

2    -      As pinturas eram realizadas de modo cada vez mais real, pois se acreditava que ao realizar uma pintura de algum ser vivo, este ser teria sua alma capturada. Então durante o ritual as pinturas eram alvejadas por flechas, lanças, estocadas de faca e pedradas, tudo isso para abater de modo espiritual a alma do animal. Estas ações acabavam por danificar a pintura, mas isso não tinha importância, já que a função da pintura não era decorativa e nem mesmo para ser durável. Se tratava apenas de um elemento dentro de um ritual com propósitos além da pintura. Desse modo, acreditava-se que quando o homem se encontrava com o animal este já estaria debilitado e espiritualmente capturado, garantindo ao homem sucesso na caçada. Junto às pinturas podem ser encontrados registros arqueológicos de fogueiras provavelmente utilizadas para a iluminação do local, mas também para o ritual. Todo o processo de pintura se tratava portanto de um ato pertencente a um tipo de pratica ritual espiritual com finalidade mítica e mágica.

    Para conseguir cores o homem primitivo utilizou diversos materiais a sua disposição oferecidos pela natureza. Como pigmento (agente que dá a cor) encontramos dentre outros: sangue, pedra calcária, folhas, raízes, ovos, sementes, terra, e mais tarde carvão. Como aglutinante (elemento responsável  por fixar o pigmento e a tinta sobre o suporte, no caso paredes rochosas) encontramos principalmente gordura de animais.

 As principais fontes de informação e pesquisa para arqueólogos acerca da pintura rupestre são as cavernas de Lascaux, na França, e Altamira, na Espanha, contudo, registros da passagem e prática do homem podem ser encontrados por diversos locais no mundo, dos quais alguns estão sendo encontrados ainda hoje. Em praticamente todo o território brasileiro há registros de pinturas rupestre onde alguns dos principais sítios estão na região amazônica, nordeste, região do rio São Francisco, sul do país, áreas de planalto e planalto central, região serrana, e Minas Gerais. Em Minas podem ser vistas pinturas em locais como Serra do Cipó de Montalvânia, Lagoa Santa, Jaracussu, Vale do Peruaçu, Serra do Cipó de BH, Vale do Rio Doce, e divisa de Minas e São Paulo, dentre muitos outros.

   Na arquitetura, o homem primitivo primeiro utilizou cavernas naturais. Depois construiu, ou melhor dizendo, abriu cavernas artificiais. A fase seguinte é a de construção de dolmens, menires, cromlecs e navetes, que caracterizam a arquitetura primitiva.

   A) Dólmens são monumentos megalíticos que apresentam duas pedras verticais e outra, sobreposta, na horizontal.
    
    B) Navetes são túmulos em forma de naves, feitos em pedra e fechados.
  
  C) Cromlecs apresentam várias pedras na vertical, com grandes pedras sobrepostas na horizontal, abertos em uma extremidade. Acreditava-se que eram utilizados como túmulos.

  D) Menir é uma grande pedra fixada verticalmente no solo, que os historiadores acreditam ser um monumento religioso.
   
   Na literatura não encontramos registro algum sobre este período, uma vez que a escrita era desconhecida. Os registros quanto à dança e à música também se perderam no tempo. O que resta são desenhos nas paredes das cavernas e partes do que poderiam ter sido um instrumento rudimentar, tais como flautas de bambu e ossos e tambores.
   A primeira cerâmica de que se tem notícia é feita com galhos entrelaçados recobertos de barro. Calcula-se que o homem começou a fazer cerâmica depois de observar os animais e constatar que suas pegadas endureciam quando submetidas ao calor do Sol e que alguns animais faziam seus ninhos cobertos de barro. Com a utilização do fogo, o homem percebeu que o barro endurecia quando posto perto da fagueira. Foi a descoberta da cerâmica e de sua utilização.

   No período neolítico o homem deixa  de ser nômade e torna-se sedentário. Inicia a agricultura, a criação de animais e constrói as primeiras aldeias de palafitas. Organiza suas relações sociais e muda sua consciência em relação à realidade. Trabalha esculturas em metais, assim como adornos corporais e ainda desenvolvem algum tipo de habilidade para trabalhar a pedra. Faz instrumentos com capricho, esculpindo os cabos. Aparecem as primeiras concepções de vida e morte e a crença na sobrevivência depois da morte.  Com essa evolução, surge a escrita e, com ela, o homem passa a deixar registros organizados por escrito, entrando no período a que chamamos história.
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Nota: Figuar I - Cena de Caça – Els Cavalls, Valltorta, Castellón; Figura II Caçadores com chapéus planos e saiote Cinto de lãs letras, Dos Águas, Valência; Figura III - Cavalo c. 15000 a.C. Pintura em caverna – LascauxDordogne
POZENATO, Kenia e GAUER, Maurien. Introdução á História da Arte. Porto Alegre, Mercado Aberto, 2001
HAUSER, Arnold. Historia Social da Arte e da Literatura. São Paulo; Martins Fontes, 2003
BUENO, Silveira. Minidicionário da Língua Portuguesa, São Paulo, FTD, 1996