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terça-feira, 1 de setembro de 2015

BARROCO

O BARROCO

INTRODUÇÃO

Barroco (palavra cujo significado tanto pode ser pérola irregular quanto mau gosto) é o período da arte que vai de 1600 a 1780 e se caracteriza pela monumentalidade das dimensões, opulência das formas e excesso de ornamentação. É o estilo da grandiloqüência e do exagero. Essas características todas podem ser explicadas pelo fato de o barroco ter sido um tipo de expressão de cunho propagandista.

O absolutismo monárquico e a Igreja da Contra-Reforma utilizaram-no como manifestação de grandeza. Nascido em Roma a partir das formas do cinquecento renascentista, logo se 
diversificou em vários estilos paralelos, à medida que cada país europeu o adotava e o adaptava à sua própria idiossincrasia. Nações protestantes como a Inglaterra, por exemplo, criaram uma versão mais moderada do estilo, com edifícios de fachadas bem menos carregadas que as italianas.

Um dos traços fundamentais desse vasto período é que durante seu apogeu as artes plásticas conseguiram uma integração total. A arquitetura, monumental, com exuberantes fachadas de mármore e ornatos de gesso, ou as obras de Borromini, caracterizadas pela projeção tridimensional de planos côncavos e convexos, serviram de palco ideal para as pinturas apoteóticas das abóbadas e as dramáticas esculturas de mármore branco que decoravam os interiores.

PINTURA 

As obras pictóricas barrocas, liberadas da geometria axial dos quadros do renascimento, caracterizaram-se pela composição radial, em que os personagens e os objetos pareciam disparar de um ponto central para as diagonais. As formas são voluptuosas e exageradas. As figuras adquirem expressividade e, envoltas em tecidos mórbidos, abraçam-se umas às outras, em atitudes patéticas e dramáticas, às vezes até impossíveis.

As diagonais se cruzam indefinidamente em planos diferentes, criando a sensação de que os personagens vão escapar do quadro. Os contornos se esfumam em rápidas pinceladas. O espaço é criado pelo contraste extremo do claro-escuro. Os temas favoritos devem ser procurados na Bíblia ou na mitologia greco-romana. É a época do hedonismo de Rubens, com seus quadros alegóricos de mulheres rechonchudas, lutando entre robustos guerreiros nus e expressivas feras.

Também é a época dos sublimes retratos de Velázquez, do realismo de Murillo, do naturalismo de Caravaggio, da apoteose de Tiepolo, da dramaticidade de Rembrandt. Em suma, o barroco produziu grandes mestres que, embora trabalhando de acordo com fórmulas diferentes e buscando efeitos diferentes, tinham um ponto em comum: libertar-se da simetria e das composições geométricas, em favor da expressividade e do movimento.

ESCULTURA 

A estatuária barroca desempenhou um papel muito importante na decoração arquitetônica, tanto na interior quanto na exterior. As esculturas mais representativas desse estilo, e as que inauguraram o ciclo, foram as de Bernini, arquiteto e escultor praticamente exclusivo do Vaticano na época do papa Urbano VIII. Suas obras, ao contrário das esculturas equilibradas e axiais do renascimento, parecem estar posando vivas sobre a base de pedra, prestes a sair dali a qualquer momento.

Os materiais que melhor expressavam essas sensações eram o mármore branco e o bronze. Os rostos sofrem, se esforçam, apertando os lábios, ou abrindo-os como para dar um gemido. Os músculos estão em tensão, e as veias parecem pulsar sob a pele. Até os cabelos e barbas, desgrenhados, 
plasmam um estado de espírito. Os corpos querem se despojar de sedas ao mesmo tempo pesadas e mórbidas.Em toda parte, as esculturas do barroco eram os novos cidadãos.

Aqui e ali multiplicavam-se anjos e arcanjos, santos e virgens, deuses pagãos e heróis míticos, agitando-se nas águas das fontes e surgindo de seus nichos nas fachadas, quando não sustentavam uma viga ou faziam parte dos altares.Entretanto, essa total dependência da arquitetura não as tornou menos importantes. Conseguiu-se um equilíbrio no qual o edifício era o quadro e elas seu complemento, sem que um elemento tivesse mais peso do que o outro.


ARQUITETURA 

Na arquitetura barroca, os conceitos de volume e simetria vigentes no renascimento são substituídos pelo dinamismo e pela teatralidade. O produto desse novo modo de desenhar os espaços é uma edificação de proporções ciclópicas, em que mais do que a exatidão da geometria prevalece a superposição de planos e volumes, um recurso que tende a produzir diferentes efeitos visuais, tanto nas fachadas quanto no desenho dos interiores.

Quanto à arquitetura sacra, as proporções antropomórficas das colunas renascentistas foram duplicadas, para poder percorrer sem interrupção as novas fachadas de pavimento duplo, segundo o modelo da construção de Il Gesù, em Roma, primeira igreja da Contra-Reforma. A partir de 1630, começam a proliferar as plantas elípticas e ovaladas de dimensões menores.

Isso logo se transformaria numa das características arquitetônicas típicas do barroco. São as igrejas de Maderno e Borromini, nas quais as formas arredondadas substituíram as angulosas e as paredes parecem se curvar de dentro para fora e vice-versa, numa sucessão côncava e convexa, dotando o conjunto de um forte dinamismo. Quanto à arquitetura palaciana, o palácio barroco era construído em três pavimentos.

Os palácios, em vez de se concentrarem num só bloco cúbico, como os renascentistas, parecem estender-se sem limites sobre a paisagem, em várias alas, numa repetição interminável de colunas e janelas. A edificação mais representativa dessa época é o de Versalhes, manifestação messiânica das ambições absolutistas de Luís XIV, o Rei Sol, que pretendia, com essa obra, reunir ao seu redor - para desse modo debilitá-los - todos os nobres poderosos das cortes de seu país.


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