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quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Arte Brasileira da Chegada Portuguesa até o séc XIX - 7º ano


Primeira Missa no Brasil - Victor Meirelles 1860 (A tela produzida anos depois do fato retrata os portugueses colonizadores realizando a primeira missa no Brasil logo apos sua chegada e "descobrimento". 
   
   Até a chegada dos portugueses, a população indígena brasileira se espalhava por quase todo território nacional. Praticando livremente sua cultura e crenças. Apesar de não podermos falar de uma arte indígena brasileira de modo geral, já que cada grupo possui hábitos e costumes que dizem respeito a sua tribo específica, há algumas características similares entre os grupos. Uma delas é a tendência a geometrização e padrões na confecção das pinturas corporais e nas peças de artesanato como vasos e utensílios. Muitas vezes estas pinturas geometrizadas são esquemas de animais e plantas pintados de modo repetitivo, formando um mosaico geométrico nos corpos e sendo entendidos apenas pelo grupo.
   Após a chegado dos colonizadores portugueses no Brasil, o cenário cultural de nossa nação sofre grande mudança e novidades aparecem tanto para indígenas como para portugueses, já que a presença de ambos e suas culturas eram novidades uns para os outros. Isso explica o grande número de pinturas, e mais tarde fotografias, de índios enviados a Europa no período colonial. O mundo europeu tinha muita curiosidade em conhecer o novo mundo descoberto (Brasil), por isso imagens de índios, plantas, animais, e paisagens eram produzidos e enviados, externando o fascínio dos colonizadores pelo exotismo do Brasil em relação a Europa. A tendência a pintar índios e cenas indígenas e chamada de indianismo.
   Com a mudança da família real portuguesa para o Brasil, houve o desejo (na verdade uma necessidade) de se criar uma cultura de produção artística no Brasil de modo semelhante ao que acontecia na Europa. Um grupo de artistas franceses fora contratado pela coroa portuguesa e trazido ao Brasil com a missão de produzir e ensinar artes plásticas no Brasil. Também tinham a missão de fundar a primeira escola de artes plásticas em nossa terra. Essa missão recebeu o nome de missão artística francesa e por  ordem de Dom João VI, de Portugal, em 12 de agosto de 1816 a primeira escola de artes brasileira foi fundada na cidade do Rio de Janeiro com o nome de Academia Imperial de Belas Artes. Na academia se ensinava desenho, pintura, escultura, história da arte, e conhecimentos e habilidades específicas necessárias a essas práticas.
   Algo interessante a ser observado é que naquele período havia uma hierarquia, ou seja, uma ordem de importância para a pintura. O gênero considerado o mais elevado era o da pintura de cena histórica, seguido da pintura de retrato. Em nível inferior ficavam a pintura de natureza morta (pintura de objetos, arranjos de flores e frutas), pintura de gênero (pintura de cenas do cotidiano), e pintura de paisagem. Não é difícil entender porque a pintura de cena histórica e retratos eram os gêneros mais nobres, basta lembrarmos que até a invenção da fotografia, a forma de se contar e mostrar fatos através de imagens, seja do presente ou passado, era através da pintura. As imagens perpetuam – fazem permanecer, durar – na mente das pessoas lembranças sobre fatos passados. Além de ilustrar com imagens acontecimentos importantes ocorridos, como revoluções, guerras, fatos políticos, sociais e culturais, retratos de pessoas importantes e ilustres na sociedade, retratos de nobres, oficiais. e pessoas de cargos de destaque, como membros da família real, políticos, militares, autoridades religiosas como papas, cardeais, bispos e padres, professores ilustres, dentre outros. Por isso grandes pinturas desse tipo ilustram livros didáticos até hoje. São cenas de batalhas, da primeira missa no Brasil, da chegada e vida da família real, e hábitos cotidianos da vida no Brasil.
   A partir da nova escola de arte recém fundada, outros grupos de artistas foram criados com propósitos diferenciados. Um grupo de destaque foram as missões científicas.Trata-se de grupos de pesquisadores (professores, cientistas...) que tinham a missão de penetrar pelo território brasileiro descobrindo, registrando e catalogando, novas espécies de animais e plantas. Para fazerem os registros das descobertas, artistas acompanhavam os grupos realizando pinturas rápidas dos achados. As pinturas eram realizadas na técnica da aquarela, por se tratar de uma técnica que não utilizava muita tinta, de secagem rápida devido ao clima brasileiro muito quente (especificamente no Rio de Janeiro), e de não utilizar de materiais muito específicos para sua realização. Essas pinturas ilustraram muitos livros produzidos sobre o Brasil enviados a Europa.
   Alguns anos à frente, um invento começou a revolucionar a maneira de se obter imagens no mundo. Foi a invenção da primeira máquina para obtenção de imagens através da luz, ou seja, da primeira máquina fotografica (foto significa luz, e grafia gravar, registrar ou desenhar). Seu inventor foi um francês chamado Louis Daguerre em 1837 e a máquina foi anunciada em 1839. Não foi chamada a princípio de máquina fotográfica e sim de daguerreótipo, em homenagem a seu inventor. O modo de se obter a fotografia era bem complicado, utilizando placas preparadas de prata e produtos químicos como o iodeto de prata, hipossulfito de sódio, e vapor de mercúrio. Apenas era possível a obtenção de uma única fotografia, não sendo possível realizar cópias. Dom Pedro II adquiriu no ano de 1840 um daguerreótipo, porém, já em 1824, o francês Antoine Hercules Romuald Florence, que residia em Campinas, já fazia experiências com um tipo de máquina fotográfica utilizando papel, isso sem saber dos experimentos de Louis Daguerre. Antoine Hercules batizou o processo que descobriu de Photografie. Esta foi a primeira vez que este processo de obtenção de imagens recebeu este nome. Pela descoberta de Florence, o Brasil é considerado um dos pioneiros na Fotografia.

domingo, 7 de agosto de 2011

CUBISMO


O Cubismo foi um movimento artístico criado por Pablo Picasso e Georges Braque por volta do ano de 1906 enquanto trabalhavam juntos em um atelier de arte na França, que era considerada naquela época a capital mundial das artes. O movimento foi completamente vanguardista por lidar com questões ainda pouco exploradas em arte e por introduzir técnicas novas e pouco convencionais de produção artística.
Em primeiro lugar, eles pensaram em construir imagens que representassem não apenas um lado do objeto (como uma fotografia faz), mas sim todos os lados de um objeto em uma única tela plana. Queriam que o expectador pudesse visualizar todo o objeto representado de uma única vez. Para isto realizaram pinturas em que pintavam cada fragmento do objeto tema (um violão, vaso de flores, etc) em uma parte do quadro, gerando assim uma imagem formada por varias partes como um mosaico. O objeto representado ficava deformado. A intenção de representar todas as faces de um objeto sobre uma tela plana só foi conseguida de fato e satisfatoriamente anos mais tarde com a invenção do cinema que produzia seqüência de imagens que traziam a sensação de movimento.
A intenção de representar as varias faces dos objetos também trouxe para a arte, não pela primeira vez, mas de maneira mais forte, a idéia de vários planos e varias dimensões para representar uma imagem. Seria como se varias pessoas fizessem uma fotografia de uma arvore cada uma de uma posição (ponto de vista, paradigma) diferente e todas as fotografias fossem recortadas e coladas em um único papel para que pudéssemos ver os vários ângulos da arvore de uma única vez.
Os cubistas Pablo Picasso e Georges Braque foram também os primeiros a inserir recortes de revistas, jornais e outros objetos em telas para interagirem com a pintura. Com isto chamaram a atenção para uma característica tão simples da pintura mas que por alguns momentos perdemos no ato de admirar uma tela. A característica de que uma pintura é apenas uma pintura, ou seja, muitas vezes olhamos para a pintura de uma paisagem ou um vaso de girassóis com a intenção de ver uma paisagem ou um vaso de girassóis, sem nos lembramos de que é apenas uma representação, apenas tinta na tela que produz a sensação. A partir deste ponto podemos entender então a expressão de Michelangelo no século XV de que "arte é sobretudo coisa menta", e Raffaelo ainda disse na mesma época: "eu não pinto com a mão, e sim com o cérebro". Com tudo isto Picasso e Braque estavam demonstrando, assim como Michelangelo e Raffaelo tentaram dizer, que a obra de arte acontece na mente (ou no cérebro) de quem observa, e que o objeto artístico (a pintura na tela, o desenho, ou uma escultura) serve apenas para sensibilizar o expectador. Assim a pintura é apenas tinta na tela e as sensações causadas por ela, como por exemplo um rio correndo são percepções geradas pela ação do olhar refletida no cérebro ou mente do expectador. Além disto tudo, dizer que arte é coisa mental também significa que o artista primeiro pensa o que ira pintar, observa e entende a cena para depois realizar a pintura na tela, ou seja, a pintura acontece primeiro na mente do artista.
Picasso crio pinturas, esculturas, gravuras, desenhos, cerâmicas, objetos artísticos, e fotografias. Sua carreira foi muito diversificada e longa. Em uma fase mais madura seus desenhos eram bem simples e se pareciam com desenhos de crianças, e não possuíam muito rigor técnico. Esta aparência era intencional. Picasso dizia que um artista deveria pintar com pureza e naturalidade, sem ter preocupações muito rigorosas com o que o desenho iria parecer, apenas desenhar como conseguisse e como achasse belo, assim a obra de arte comunicaria melhor alma do artista e seria mais bela pelo que representava do que pelo que era fisicamente. Por isto Picasso declarou que "Em poucos anos aprendeu a desenhar como Raffaelo, mas levou a vida toda para aprender a desenhar como uma criança".

 
Baseado em : STANGOS, Nikos (org). Conceitos da Arte Moderna, Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, 2000.
VOCABULÁRIO
Vanguardista - aquele que vai a frente, novo.
Fragmento – parte separada.
Interagir – funcionar em parceria.
Sensibilizar – Produzir sensações. Por exemplo: A tela e os óculos do cinema 3D sensibilizam o expectador com as sensações necessárias para que tenhamos a impressão de que a imagem esta em terceira dimensão(3D) ou seja, saltando para fora da tela.

FAUVISMO


FAUVISMO

Etimologicamente o termo Fauvismo vem da palavra francesa Fauve que significa Fera ou Selvagem. Esta designação foi dada por críticos de arte que avaliavam os salões de arte na França e julgaram que as pinturas de um determinado grupo de artistas eram feita com muita "ferrocidade" e que parecia ter sido feita por animais e não homens. Sendo assim eles diziam que algum animal deveria ter jogado tinta na tela. O que eles não gostavam na pintura desses artistas na verdade era a maneira como eles utilizavam as cores sem as misturar muito, ou seja, havia grandes áreas de cor amarela, vermelha ou verde bem forte nas imagens sem se misturem. As representações eram mais abstratas e pouco realistas, e não demonstravam as cores reais do que representavam; por exemplo: pintavam uma laranja azul, um céu cor de rosa, um rio amarelo e pessoas de diversas cores que não se pareciam com o real. Dessa maneira os artistas desse grupo passaram a ser chamados Fauvistas.

O movimento Fauvista despontou em 1905 e foi influenciado pelo desejo de alguns artistas em buscar retratar coisas mais sentimentais e não exatamente como se enxergava o mundo. Estes artistas diziam que era mais importante expressar o que se sente na alma ao ver uma paisagem do que ter que pintar a paisagem do modo mais parecido possível que se conseguisse. Assim eles estavam dizendo que a pintura sentimental (baseada nas emoções e sentidos: visão, tato...) era superior a pintura puramente técnica (habilidade de expressar perfeitamente o que se vê ou imagina a partir de conhecimentos técnicos e regras específicas).

Os críticos de arte não aceitaram as pinturas dos artistas chamados Fauvistas por que estavam habituados a julgar obras de arte apenas pelas qualidades técnicas que enxergavam nos quadros. Qualidades estas que eram ensinadas nas academias de belas artes e eram encontradas em livros de regras de pintura. O Fauvismo foi, portanto um movimento artístico que rompeu com as formalidades técnicas de pintura para realizar uma pintura mais ligada a alma do artista. Todo rompimento de maneiras antigas de se fazer algo em arte para buscar novas formas de se produzir arte é chamada na história da arte de Vanguarda.

Com tudo isto, os artistas estavam de forma indireta expressando também o descontentamento da sociedade francesa daquele período que não estava se sentido confortável com o aumento das áreas urbanas (cidades não rurais) e a aceleração do ritmo de vida causado pela industrialização que levava as pessoas a serem mais imediatistas e mecânica e a passarem cada vez mais tempo trabalhando em ambientes fechados, se relacionando menos com outras pessoas, com a família, e se tornando menos sensíveis a valores religiosos. Condições estas que são essenciais para a vida humana.

 
Baseado em : STANGOS, Nikos (org). Conceitos da Arte Moderna, Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, 2000.
PATERNOSTRO, Zuzana. Catálogo da Exposição Pos-Impressionismo e as Origens da Pintura Moderna, Sesc/BH, 2009.

 
VOCABULÁRIO
Etimologicamente – Vem de etimologia, que é o estudo da origem das palavras. Por exemplo: a palavra Biblioteca vem da junção da palavra Biblio que em latim é livro e teca que é coleção, ou seja, biblioteca é uma coleção de livros.

EXPOSIÇÃO OLHAR E SER VISTO - CASA FIAT DE CULTURA


 O LOCAL

A Casa Fiat de Cultura é um espaço cultural inaugurado no ano de 2006 no bairro Belvedere, região de Nova Lima próximo ao BH Shopping de Belo Horizonte. É um espaço contendo galerias para exposições artísticas e salas para palestras e exibição de filmes com a intenção de promover mostras e programações culturais que enriqueçam e proporcionem um ambiente adequado para que os visitantes aumentem seus conhecimentos sobre arte, história, dentre muitos outros possíveis temas. E essa é exatamente uma das funções principais de uma galeria de arte, promover momentos agradáveis de apreciação de obras de arte e peças históricas, promover cultura através da possibilidade que as pessoas tem de conhecer coisas novas sobre diversos temas, educar e trazer novos conhecimentos a seus expectadores e propiciar que os visitantes tenham contato com obras que muitas vezes apenas seriam vistas nos livros.

A EXPOSIÇÂO

A exposição visitada tem por título "Olhar e Ser Visto". Trata-se de um conjunto de retratos e auto-retratos feitos por artistas desde o século XVI até o século XX onde podemos observar as diferentes formas de se realizar o retrato de alguém durante a passagem desses anos. O que vai demonstrar para o expectador a percepção e comparação entre variados movimentos artísticos. Em algumas épocas os retratos serão de corpo inteiro e em lugares fechados, como no interior de uma casa. Em outras épocas as pessoas retratadas serão colocadas pelo pintor em um ambiente inventado (fictício), ou mesmo em épocas que não eram a delas, como em um passado distante ou anos a frente no futuro.
Veremos que no século XVI e XVII as pessoas serão pintadas como se estivessem olhando para o expectador com uma postura firme, nobre e até mesmo de autoridade. Com o passar dos anos as posturas mudam, porque os artistas e a maneira com que as pessoas retratadas queriam ser vistas também haviam mudado. Muitas vezes veremos pessoas em seus locais de trabalho, demonstrando suas habilidades, ou o que pensavam, como viviam, quem eram, ou simplesmente posando para em seguida se observarem e se descobrirem.
Podemos observar também os diferentes modos de pintar de cada artista e de cada época, e também como em cada época os artistas e as pessoas têm formas diferentes de enxergar o mundo, o seu próximo e a si mesmo. Podem ser observadas pinturas realizadas próximas a perfeição realista (como uma fotografia) em algumas épocas, alegóricas em outras, abstratas, desenhadas como uma animação ou quadrinhos, pintadas sem muita preocupação com os contornos ou geométricas e até mesmos "conceituais" (ou seja, que transmite apenas o conceito – a idéia – do que ela realmente queria falar. Muitas vezes não demonstrava a imagem da pessoa retratada, apenas sugere pela escrita, objetos e outros).
Para facilitar a leitura da exposição, as obras artísticas foram divididas em grupos dentro do espaço da galeria a partir de seus temas e épocas. São 6 (seis) grupos divididos da seguinte maneira: 
  1. O Retrato de Pompa

    Os primeiros retratos ditos autônomos surgem no século XIII e ganham impulso com a invenção da portátil tela de pano como suporte. Os retratos deste grupo são ditos "de aparato". A imagem construída pelo artista deve ser impressionante, o retratado é mostrado como alguém especial, subtraído quase aos acidentes do efêmero. Daí serem de certo modo atemporais, não fosse pelas roupas que ajudam a configurar e situar os que as envergam. Os retratados estão sobre fundo neutro (ou genérico, como na tela de Gainsborough) e se deixam ver em poses hieráticas, afirmativas, quer apareçam de corpo inteiro ou de meio corpo. São retratos de pessoas e também símbolos de alguma outra coisa, sobretudo do poder. Os primeiros retratos foram os da realeza, do alto clero e da aristocracia, donde serem naturalmente "de aparato". Como em toda pintura de gênero, o que primeiro se retrata aqui é o próprio código a que a obra pertence – no caso, a ideia de pompa; o retratado é o meio para pintar-se a pompa em si mesma.

  2. O Recurso à Cena

    Os retratos deste grupo apresentam seus modelos junto a alguém mais ou a alguma outra coisa, fazendo alguma coisa, representando alguma coisa – compõem, com as outras pessoas ou coisas representadas, uma cena que lhes empresta ou sugere uma qualidade
    específica. De algum modo, todo retrato compõe uma cena, em particular os retratos de aparato; aqui, porém, a cena é mais explícita e ampla e a narrativa que propõe é mais extensa, se não mais complexa.

  3. Eu Mesmo

    Atração narcisista pela própria imagem; tentativa de sair de si mesmo para enfim ver-se melhor, ver-se de outro modo; a simples comodidade de ser o modelo mais disponível; no início de sua história, esforço do artista para que o vissem como aqueles que ele próprio retratava, isto é, como um membro das classes altas, das profissões liberais (intelectuais), e não das manuais, que dependiam do esforço físico: tudo isso se encontra na origem e na história do autorretrato. Aqui, o espelho de que se serve o artista, por mais polido que seja, revela-se opaco ou tem um grau de refração que o torna inútil – porque reflete tanto o retratado quanto quem o mira.

  4. Retrato de Idéias

    O retrato "convencional" é uma representação extraída diretamente da vida (ritrarre). Seu oposto, o retrato que se serve do imitare, é um acréscimo à vida, gera algo que não existia antes e que, portanto, não é uma reapresentação, mas uma apresentação pela primeira vez, uma presentificação – só existe no presente da arte que o propõe. A pessoa real que serviu para a representação pode ou não aparecer tal qual na obra. O que a obra retrata, antes, são ideias (estéticas, sociais, psicológicas). Tais obras se servem das pessoas para pôr em cena as ideias (uma família, um casal, uma profissão, uma atividade, uma situação, uma emoção). Em arte, de fato, nunca é diferente. Mas nesse grupo, o compromisso com as ideias e os ideais por cima da pessoa representada é ainda mais destacado.

  5. Retratos Modernos

    Aqui, à primeira vista, os retratos são das pessoas elas mesmas, mais do que de alguma coisa que esteja por trás delas, que representem e na qual se amparem. O que se representa são elas mesmas e não o eventual poder que tenham ou objeto ou ser que as definam. Mas, por maior que seja a verossimilhança, em muitas destas telas predomina uma sensação de estranheza – mesmo que se ofereçam nuamente ao olhar, tampouco qui elas se revelam de todo, expõem-se. Tanto quanto a pessoa, o que se vê é a persona, a máscara que os retratados usam para se deixarem ver (quando não para se verem). De certo modo, essa é uma qualidade da maioria dos retratos; neste grupo, porém, o tom é mais acentuado, porque nenhum objeto de contexto ou símbolo sugerido vem em socorro do retratado – ou de quem o observa.

  6. Desconstrução

    Com a arte moderna do final do século XIX, a figura – e com ela a identidade – vai-se desfazendo e vai sendo substituída por outra coisa. Picasso apresenta uma evidência exemplar desse modo, decompondo a cabeça da personagem numa multiplicidade de fragmentos, cuja soma é maior que o todo. Ao lado, Flávio de Carvalho e Chemiakin adotam procedimentos diferentes, que convergem, no entanto, para o mesmo fim: o retratado desaparece em favor da retratação da própria arte, da estética do artista, para quem o retratado é apenas um pretexto e nem de longe o mais importante. A representação do que está fora da arte chegou a seu fim.

O GÊNERO "RETRATO"

Existem alguns gêneros artísticos distintos dos quais podemos citar: a natureza morta
(gênero da pintura em que se representa seres inanimados, como frutas, flores, livros, taças de vidro, garrafas, jarras de metal, porcelanas, dentre outros objetos), o retrato
(pintar o retrato de alguém), o auto–retrato
(pintar o retrato de si mesmo), a pintura histórica
(pintura de cenas e fatos históricos), a pintura de paisagem
(pintura de paisagens urbanas, rurais, etc), pintura
de gênero (que
faz referência às representações da vida cotidiana
), o muralismo (pintura de grandes murais, geralmente em espaços abertos e públicos), dentre outros.
O retrato pertence a um dos mais antigos gêneros da arte, porém nunca deixou de ser realizado e respeitado. Sendo reinventado ao longo dos anos em diferentes modos de representação e significado. O retrato procura responder a uma pergunta fundamental: Quem sou eu, qual a minha imagem, como me pareço? Essa é a pergunta básica que alguém faz a um artista quando pede-lhe que faça o seu retrato, e também a pergunta que um artista faz a si mesmo quando decide fazer um auto-retrato. E mais ainda, todas as vezes que um artista observa um retrato de si ou alguém observa o retrato que um artista fez dela, essa é automaticamente a pergunta que lhe vem a mente, porque todos nós queremos de algum modo nos conhecer, saber como as pessoas nos vêem, e dizer para as pessoas como gostaríamos de ser vistos.
A maneira como nos mostramos na verdade deveria ser de acordo com o caráter que possuímos, e ele (o caráter) deve ser dia a dia transformado por Cristo Jesus para vivermos e nos apresentarmos de maneira realmente bela.
Na realidade um retrato nos faz refletir sobre nos mesmos. É por esse motivo que um retrato muitas vezes não representa apenas o exterior de alguém, os artistas buscam interpretar também, de algum modo, a personalidade, o caráter, as características do jeito de ser (da alma, dos sentimentos) da pessoa retratada. O quadro de um retrato tenta ser, portanto uma representação profunda da pessoal retratada.
Nesta exposição poderemos observar que muitas pessoas são pintadas com alguns objetos para reforçar o que querem dizer sobre si. Por exemplo: podemos encontras mulheres segurando livros e marcando as páginas dos livros com os dedos querendo dizer que estavam lendo quando posaram por um instante para a realização da pintura, e que são pessoas muito cultas (de grande conhecimento e estudo) e amantes do saber. Veremos pessoas com instrumentos de trabalho, ou com jóias para se dizerem ricas. Em outros momentos veremos pessoas se mostrando muito sérias e altivas como reis, querendo demonstrar que são autoridades. Haverá ainda pessoas que "olham" para qualquer lado no quadro, menos para o expectador, querem dizer que "não estão nem ai" para quem esta vendo ou que estão atentas a outras coisas, até mesmo consigo mesmas.

DE ONDE VÊM AS OBRAS

Todas as obras expostas nesta mostra são pinturas originais realizadas por artistas que viveram entre o século XVI e século XX. Dentre as obras dessa exposição há apenas uma fotografia e uma escultura também originais. As obras pertencem hoje ao MASP (Museu de Arte de São Paulo) que as emprestou à Casa Fiat de Cultura para que pudessem ser apreciadas pelo público de Belo Horizonte.
Para serem vistas em BH foi necessário que cada obra fosse guardada em caixas especialmente feitas para cada uma delas, de modo a garantir a segurança e também proporcionar que as obras viessem na temperatura e posição corretas. Além disso, a galeria dever contar dentre outras coisas com:

  • Um tipo especial de luz para que as obras não sejam agredidas, por exemplo: para que com o tempo as cores das tintas não percam seu brilho e tom.

  • Um excelente sistema de refrigeração, para que o excesso de calor não prejudique as obras deteriorando a tinta ou a faça trincar, prejudique a cola, o tecido, a madeira das obras, etc.
  • Um bom sistema de segurança porque as obras são extremamente valiosas financeiramente, e ainda mais valiosas como bens culturais da humanidade.
  • Seguro para cada obra. 
Por esses motivos é que devemos adotar algumas posturas para visitar a mostra conforme o item a seguir.

COMO VISITAR UMA EXPOSIÇÃO

Para visitar uma exposição devemos tomar atitudes e respeitar regras como: 
  • Não é permitido fotografar ou filmar a exposição, com ou sem flash.
  • Não é permitido falar ao celular dentro das galerias, bem como enviar torpedos
  • Não é permitido tocar nas obras.
  • Não é permitido ultrapassar a faixa amarela presente no chão ou o nicho de segurança para ver as obras.
  • Bolsas, mochilas, pastas e similares devem ser deixados no guarda-volumes no hall de entrada em frente à galeria.
  • Não é permitido mascar chicletes, comer ou beber no recinto das exposições.
  • Pede-se a gentileza de falar e movimentar-se com moderação nos espaços expositivos para que não atrapalhe a visita de outras pessoas.
  • É recomendado o uso de um agasalho leve dentro da sala de exposição devido à temperatura ambiente baixa, por motivo de conservação das obras expostas.
  • Levar um pequeno caderno ou bloco para anotações.
ATIVIDADES PARA ENTREGAR EM FOLHA SEPARADA
  1. Procure e registre o significado e definição das 10 (dez) palavras sublinhadas no texto.

  2. Anote em forma de tópicos as informações que o professor passar durante a visita e as comente de acordo com o texto acima.

  3. A) Selecione o nome do artista que você achou mais interessante na visita e produza uma biografia sobre este artista consultando no mínimo duas fontes de pesquisa. Obrigatoriamente uma das fontes de pesquisa deve ser o endereço do blog da disciplina do professor descrito abaixo: estudandoarteecristianismo.blogspot.com


    1. Porque não podemos dizer que o que vemos em um retrato pintado é realmente uma expressão fiel da pessoa retratada? De um exemplo prático.
    1. Porque podemos dizer que o retrato nos faz refletir sobre nos mesmos?
    1. Como você interpreta o título da exposição: "Olhar e Ser Visto"?
    1. "A maneira como nos mostramos na verdade deveria ser de acordo com o caráter que possuímos, e ele (o caráter) deve ser dia a dia transformado por Cristo Jesus para vivermos e nos apresentarmos de maneira realmente bela." Como você entende esta parte do texto? De que modo você pode demonstrar que seu caráter foi transformado por Cristo?

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

ABSTRACIONISMO - INTRODUÇÃO

Entende-se por arte abstrata toda manifestação das artes plásticas, seja na pintura ou na escultura, na qual se desistiu da representação natural ou ilustrativa da realidade, para dar vazão a composições independentes dela. É preciso esclarecer que não é possível se falar de uma arte abstrata própria e unificada. Na verdade, houve dentro dela várias correntes, que às vezes estavam muito próximas quanto à sua filosofia, outras vezes muito afastadas, mas todas se mantinham sempre dentro do limite não-figurativo.

O pintor russo Kandinski foi o primeiro artista propriamente abstrato. Suas teorias sobre a abstração das formas como expressão do espírito humano determinaram uma mudança substancial na pintura e escultura do século XX. Juntamente com ele, Piet Mondrian, da corrente neoplástica, propôs a redução às formas geométricas puras de tudo aquilo que fosse representável. Essa foi uma proposta dos cubistas que o pintor levou a extremos totalmente não-figurativos, com a conseqüente racionalização da pintura.

O fato de os artistas mais representativos da arte moderna européia terem-se mudado para os Estados Unidos, durante a Segunda Guerra Mundial, foi muito significativo para a difusão da arte abstrata. Muitos deles, convidados pelas universidades, deixaram entusiasmados os jovens artistas americanos, e lá fundou-se a American Abstracts Artists, precursora da vanguarda expressionista abstrata. Donos de galerias e colecionadores apoiaram o desenvolvimento dessas novas tendências e gerou-se um mercado artístico dinâmico.

A arte abstrata encontrou finalmente seu lugar nas galerias e coleções de uma sociedade moderna e pujante, principalmente depois de superada a crise da depressão dos anos 30.Enquanto isso, a Europa do pós-guerra retomou as tendências abstratas, mas agora sob a ideologia das novas filosofias existencialistas, que entendiam a atuação do artista como um compromisso vital com uma sociedade devastada e desolada pelo terror e pela violência.


 

ABSTRACIONISMO - PINTURA

A partir das obras dos pintores mais representativos das vanguardas européias, como Kandinski, Duchamp, Delaunay e Picasso, entre outros, surgiu uma pintura que subsistiu durante o período que medeou as duas guerras e veio à luz após a Segunda Guerra Mundial. A complexidade de motivações e a diversidade desses artistas produziram grupos diferentes, com traços específicos de estilo e certas técnicas que dificultam uma classificação estilística geral da pintura abstrata.

Assim, dentro dessa vasta diversidade que ocorre dentro da vanguarda do século XX, determinou-se, de modo muito superficial, a existência de duas grandes categorias, citadas de modo resumido a seguir. Não se pode esquecer que muitas correntes aconteceram simultaneamente, outras surgiram do desenvolvimento das anteriores e finalmente existem as que emergiram da total oposição representada por alguns artistas individualmente. A priori, então, e simplificando, pode-se falar de duas categorias.

De um lado a pintura abstrata lírica, de conteúdo simbólico e gestual, com uma atitude totalmente animista e subjetiva diante da obra, que parte de Kandinski e evolui na obra dos expressionistas americanos: Pollock, Kline, De Kooning e Motherwell, entre outros. Também estão nesta categoria as vanguardas do pós-guerra europeu, como o informalismo, representado por Fautrier, Dubuffet e Millares, e mais tarde por Bacon, ou o grupo Dau al Set, no qual se inclui o pintor Tapies.

De outro lado, desenvolve-se a pintura abstrata geométrica, totalmente independente da visão subjetiva, que a partir do cubismo evoluiu para um racionalismo matemático, representado pelas formas e cores puras. É o caso dos neoplásticos da Holanda, como Mondrian ou Van Doesburg, o suprematismo de Malevitch e o construtivismo russo. Também devem ser incluídas aqui as obras de Vasarely e Cruz-Díez.

ABSTRACIONISMO - ESCULTURA

A escultura abstrata se caracterizou pelo afastamento dos moldes naturalistas, em favor da representação das formas geométricas puras, mais racionais, ou as simbólicas, consideradas uma síntese das formas orgânicas. É preciso, no entanto, falar de peças, objetos e instalações, já que o tridimensional se desenvolveu a partir da combinação de materiais completamente alheios aos que a escultura havia conhecido até então, com exceção do dadaísmo e do cubismo.

A partir da arte abstrata o limite entre escultores e pintores se dissolveu ainda mais. Por isso, embora se faça referência a artistas dedicados principalmente à escultura, como Henry Moore ou Constantin Brancusi, houve muito outros que fizeram experiências interdisciplinares, como os neoplásticos holandeses ou os minimalistas americanos e ingleses. Na escultura abstrata surgiram correntes diversas, muitas vezes de acordo com as da pintura, que possibilitam sua classificação.

A escultura orgânica, que tem seus antecedentes mais imediatos no dadaísmo, agrupou todos os artistas que ainda buscavam a representação da subjetividade humana e de seu próprio simbolismo interno, sem abandonar totalmente as formas figurativas. Quanto à escultura racionalista, ela se caracterizou pelo rigor de suas formas volumétricas, chegando em alguns casos, como os neo-abstratos, a reduzir a função da escultura à mera ocupação do espaço.

A exemplo da pintura, a escultura abstrata chega ao auge graças ao interesse que despertou em marchands e colecionadores e aos programas estatais que deram aos artistas oportunidade de popularizar suas obras, utilizando-as na decoração urbana. Como ocorreu antes, com os mecenas do renascimento, as cidades passaram por uma renovação estética em que as novas peças da arte abstrata se integraram, em praças e calçadas, com as mais importantes dos séculos passados.


 

ABSTRACIONISMO - ARQUITETURA

Distanciados de todo academicismo, os arquitetos do chamado Movimento Moderno deixaram para trás as tendências históricas, para criar uma arquitetura isenta de adornos supérfluos ou de referências ao passado. Surgiu assim uma arquitetura racional, de formas geométricas puras, que revalorizou o espaço e a funcionalidade, com edifícios simples, de grandes superfícies transparentes. As grandes cidades, a especulação financeira e os novos materiais favoreceram esta nova arquitetura.

Os engenheiros, convencidos de sua capacidade de criar edifícios tão básicos na aparência, produtos da criatividade, mas também da tecnologia, passaram a competir com os arquitetos abstratos. Entre os primeiros racionalistas destacou-se a escola Bauhaus, com suas propostas de linhas simples, em que interiores e exteriores se fundiam, criando espaços homogêneos. Exemplo disso é o pavilhão alemão da Exposição Universal de Barcelona (1921), de Mies van der Rohe.

Na Holanda, por sua vez, os arquitetos do grupo De Stijl chegaram às mesmas simplificações, dessa vez influenciados pela sutileza e praticidade da arquitetura japonesa. A arquitetura construtivista russa propôs moradias do tipo celular, ou seja, poliambientais, na construção de fábricas e clubes de operários.Mas sem dúvida o auge do funcionalismo chegaria com o francês Le Corbusier, cujas formas volumétricas simples se adaptaram tanto às moradias quanto às fábricas.

O mesmo ocorreu na América, principalmente após a chegada dos arquitetos europeus, cujas teorias funcionais tiveram grande aceitação no seio das universidades. Experimentava-se então ali a criação de uma nova arquitetura anti-historicista. A única exceção foi o arquiteto Frank Lloyd Wright, cujas obras, a meio caminho entre o caráter orgânico do modernismo e o novo racionalismo, estão entre as mais singulares do século XX.


 

SURREALISMO - INTRODUÇÃO

O surrealismo foi por excelência a corrente artística moderna da representação do irracional e do subconsciente. Suas origens devem ser buscadas no dadaísmo e na pintura metafísica de Giorgio De Chirico. Este movimento, a exemplo de seus predecessores, pregou a transgressão dos valores morais e sociais, a nulidade das academias e a dessacralização do artista, com uma ressalva: ao nihilismo fundamentalista do dadaísmo opôs uma atitude esperançosa e comprometida com seu tempo.

A publicação do Manifesto do Surrealismo, assinado por André Breton em outubro de 1924, marcou historicamente o nascimento do movimento. Nele se propunha a restauração dos sentimentos humanos e do instinto como ponto de partida para uma nova linguagem artística. Para isso era preciso que o homem tivesse uma visão totalmente introspectiva de si mesmo e encontrasse esse ponto do espírito no qual a realidade interna e externa são percebidas totalmente isentas de contradições.

A livre associação e a análise dos sonhos, ambos métodos da psicanálise freudiana, transformaram-se nos procedimentos básicos do surrealismo, embora aplicados a seu modo.Por meio do automatismo, ou seja, qualquer forma de expressão em que a mente não exercesse nenhum tipo de controle, os surrealistas tentavam plasmar, seja por meio de formas abstratas ou figurativas simbólicas, as imagens da realidade mais profunda do ser humano: o subconsciente.

Dentro do surrealismo devem-se destacar três períodos importantes e bem diferenciados entre si: o período dos sonhos (1924), representado pelas obras de natureza simbólica, obtidas através de diferentes procedimentos de automatismo, de um certo figurativismo; o período do compromisso político (1928), expresso na filiação de seus líderes ao comunismo; e uma terceira fase (1930), de difusão, que se empenhou na formação de grupos surrealistas em toda a Europa, tendo conseguido a adesão de grupos americanos.

SURREALISMO - PINTURA

Em um dos números da revista A Revolução Surrealista, que André Breton editava, ele não só aceitava a teoria freudiana do automatismo verbal (livre associação de palavras), como também admitia a possibilidade do automatismo gráfico (livre associação de imagens), dois processos que, na opinião dele, estão estreitamente relacionados. O poeta citava concretamente dois artistas: Pablo Picasso e Max Ernst. Pela primeira vez se aprovava a existência de uma pintura surrealista.

Segundo Breton, há dois métodos propriamente surrealistas: o automatismo rítmico (pelo qual se pintava seguindo o impulso gráfico) e o automatismo simbólico (a fixação das imagens oníricas ou subconscientes de maneira natural). De acordo com isso, surgiram grupos diferentes de pintores: Miró, Hans Arp e André Masson, por exemplo, representaram o surrealismo orgânico ou automatista, enquanto Dalí, Magritte, Chagall e Marx Ernst, entre outros, desenvolveram o surrealismo simbólico.

Os surrealistas não representaram subjetivamente a realidade, pelo contrário, tentaram objetivar seu mundo interno, como demonstram suas obras.Na América Latina, esse tipo de representação encontrou eco principalmente entre pintores do porte de Frida Kahlo e Wilfredo Lam, entre outros. Sua pintura estava impregnada desse aspecto telúrico e quase ingênuo que tanto interesse despertara nos surrealistas europeus, apesar de não lhe faltar características expressionistas.

SURREALISMO - ESCULTURA

No surrealismo, melhor do que falar em escultura, deve-se falar em objetos retirados do seu contexto - algo muito parecido com o que o francês Marcel Duchamp, na ocasião também membro do movimento, havia iniciado com seus ready mades. Os surrealistas se dedicaram conscientemente a reunir os objetos mais díspares, privados de sua funcionalidade, para expressar as necessidades mais íntimas do homem. No começo, chegaram inclusive a falar de dois tipos de objetos: os naturais (vegetais, animais e minerais) e os de uso cotidiano.

Exemplo claro do culto ao objeto, iniciado por este movimento, foi a Exposição de Objetos Surrealistas de 1936. Nela se representaram as mais extravagantes combinações, produto das associações inconscientes de seus autores. Alguns podiam ser interpretados quase automaticamente pelo público, de tão simples que eram em sua composição, enquanto outros se mantinham dentro de um hermetismo simbólico poético, no melhor estilo das esculturas dadaístas.

No entanto, deve-se destacar que os objetos surrealistas, no limite entre a ironia e a perversão, tentavam abrir a imaginação do espectador para a multiplicidade de relações existentes entre as coisas, para a associação livre de condicionamentos. Prova disso foram o engenhoso Telefone-lagosta, de Dalí, ou as combinações de objetos de Miró. Referindo-se à escultura surrealista, André Breton, precursor do movimento, disse: "não encontramos mais do que aquilo de que precisamos profundamente".


 

SURREALISMO – FOTOGRAFIA E CINEMA

O cinema e a fotografia surrealista assimilaram, logicamente, os parâmetros da pintura e da escultura desta corrente. Os diretores de cinema procuraram o exorcismo do subconsciente por meio de imagens totalmente simbólicas ou no limite do absurdo. Não faltaram nessas disciplinas a crítica às convenções morais, religiosas e políticas, mas sempre sob a forma de herméticas metáforas visuais, alienadas e provocantes, que tinham pouco em comum com o cinema e a fotografia tradicionais.

São dois os grandes representantes do cinema surrealista: o espanhol Luis Buñuel e o francês Jean Cocteau. Da filmografia do primeiro é preciso destacar-se os filmes O Cão Andaluz e A Idade Dourada. Em ambas as obras, uma espécie de exercício de filmagem, o cineasta não poupa imaginação para criar mundos completamente fantásticos. Com base em cenas de aparência onírica, paradoxalmente subversivas e ao mesmo tempo poéticas, conta histórias inverossímeis e audazes. Na primeira, trabalhou em colaboração com Salvador Dalí.

A obra de Cocteau se manteve dentro da linguagem simbólica dos sonhos com imagens absurdas, produto de fotomontagem. Seus filmes mais conhecidos são Sangue de um Poeta e A Bela e a Fera.O fotógrafo por excelência do surrealismo foi o norte-americano Man Ray. Depois de militar nas fileiras do dadaísmo, ele não hesitou em passar para o grupo de amigos de Breton, interessado no que o inconsciente e o automatismo podiam dar à fotografia.